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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Congonhas não é da Gol nem da TAM, diz fundador da Azul

Mesmo com a economia brasileira em recessão técnica, o empresário David Neeleman, fundador da Azul, vislumbra uma fase de crescimento expressivo para sua companhia aérea. O otimismo de Neeleman se explica por uma série de oportunidades que estão se abrindo para a Azul. A empresa vai começar a fazer voos internacionais, quer voar para pelo menos 20 novas cidades no País e ainda espera estrear no disputado Aeroporto de Congonhas.

Se tudo sair do papel - o que depende de o governo aprovar novas regras de ocupação em Congonhas e do lançamento de um plano de estímulo à aviação regional, que prevê o subsídio de voos com recursos públicos -, a empresa pode ampliar em 31 aeronaves sua frota atual, de 138 unidades.
No setor, no entanto, há ressalvas quanto aos planos ambiciosos da Azul. Para boa parte do mercado, tanto o plano da aviação regional quanto as mudanças no aeroporto mais rentável do País foram pensados sob medida para beneficiar a companhia. “Os slots (horário de pouso ou decolagem) em Congonhas não são da Gol ou da TAM. São do governo brasileiro. O governo tem o direito de dar os slots para quem quiser. Se eles querem dar para a gente, não vejo problema nisso”, reage o empresário, de 54 anos.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o empresário explica que os investimentos que vêm sendo feitos na companhia neste momento se devem ao fato de a empresa concluir que os mercados de aviação regional e internacional devem ser maiores do que são hoje. "Mesmo quando a economia brasileira não está crescendo tanto, como agora, muito mais pessoas viajariam para fora do Brasil se existisse uma tarifa menor e mais conveniência para viajar. Podemos oferecer isso",diz Neeleman.
O executivo explica que isso será possível com preços mais baixos e mais conveniência, principalmente para quem mora no interior. Fala que, com o plano de aviação regional, a Azul pode comprar 20 novos aviões da Embraer (com cerca de 120 lugares) para colocar hoje em cidades para onde a companhia já voa com ATRs (avião turboélice com 70 lugares). "O jato", diz ele, "tem uma economia de escala bem melhor do que o turboélice e poderemos reduzir nossos preços em 25% nessas rotas e levar os ATRs para novas cidades.
Subsídios
Questionado sobre estimativas em relação aos subsídios que a Azul receberá do governo Neeleman diz não saber quanto. Mas conta que a maior parte do dinheiro que a empresa terá com subsídios não irá para os voos que já têm, mas para os novos. Lembrado pela reportagem sobre as críticas que a Azul teria feito, em 2013, à concessão de subsídios para empresas, e sobre o fato de que teria mudado agora de ideia, o executivo afirmou não ser um grande defensor de subsídios. "Mas acho que faz todo sentido oferecê-los a partir do momento em que foi criada uma fonte de recursos para isso. Esse dinheiro vem da privatização dos aeroportos. Isso vai gerar 25 anos de recursos da ordem de R$ 3 bilhões e faz sentido usar parte disso para fazer infraestrutura aeroportuária e parte para dar uma ajuda de custo de combustível às empresas", afirmou.
Apesar de ter dito não ser forte defensor dos subsídios, Neeleman diz lembra que as cidades para onde o governo quer que as companhias aéreas voem têm o combustível de aviação mais caro do Brasil. "O combustível em São Paulo é 50% mais caro do que nos Estados Unidos e em algumas cidades o custo é duas ou três vezes maior do que em São Paulo. É impossível voar para lá e ganhar dinheiro com os custos que nós temos", diz. "O plano de aviação regional vai viabilizar voos para novas cidades e vamos comprar jatos para voar onde hoje usamos ATRs. A Embraer vai ser muito mais feliz", completa.
O fundador da Azul rechaça as críticas de que o plano de aviação regional teria sido elaborado sob medida para beneficiar a Azul e a Embraer. "O plano foi desenhado para estimular as empresas a fazerem mais voos regionais. Isso vai provocar uma redução nos preços das passagens. Claro, o plano vai acabar ajudando a Embraer, porque vamos fazer mais voos com jatos para o interior. Mas não vejo problema nisso. A Embraer é uma empresa brasileira. A Azul vai comprar mais jatos da Embraer para fazer essas rotas e a Gol e a TAM podem comprar também. Hoje, voamos para 103 destinos. A Gol voa para 52 cidades e a TAM, para 41, porque nós voamos com jatos da Embraer e elas não."
Congonhas
Em relação a críticas semelhantes quando o assunto é o Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, de que o governo teria mudado as regras do aeroporto para beneficiar a Azul, Neeleman dispara contra a concorrência: "Os slots (horário de pouso ou decolagem) em Congonhas não são da Gol ou da TAM. São do governo brasileiro. O governo tem o direito de dar os slots para quem quiser. Se eles querem dar para a gente, não vejo problema nisso. Hoje nós temos muito mais mercado do que a Avianca e eles têm 12 voos diários em Congonhas. E querem mais. A nossa entrada em Congonhas vai aumentar a concorrência, e isso é bom para o mercado".
O executivo conta ainda que a Azul usará nos voos domésticos os Airbus A330 para ir até Manaus, onde há, segundo ele, necessidade maior de carga, e para Recife, onde a demanda é forte. Neeleman diz que a Azul poderá usar essas mesmas aeronaves para fazer esses voos e os internacionais. Ele diz que a empresa tem, hoje, recursos suficientes para colocar em prática o plano de crescer em todas as frentes, que exige 31 novos aviões na frota. "Estamos ganhando dinheiro. A Azul é lucrativa. Tivemos lucro líquido no ano passado e demos R$ 11 milhões de bônus para os nossos tripulantes", conta.
E ressalta o potencial da Azul quando questionado sobre o fato de já ter vendido outras empresas aéreas e a possibilidade de a Azul ter o mesmo destino. "Acho que essa é minha última empresa. O potencial da Azul é muito maior do que o das outras empresas que eu já comecei. A Jet Blue só tem 5% do mercado dos Estados Unidos depois de 15 anos. E a Azul já tem quase 30% das decolagens no Brasil, que é o quarto maior mercado de aviação no mundo. A oportunidade aqui é muito maior do que em todas as outras empresas. Não quero vender". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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