Radar Uberaba

sexta-feira, 14 de março de 2014

Voo da Malaysia Airlines: mais perguntas do que respostas




Veja algumas perguntas sobre que pode ter ocorrido com o avião desaparecido na Ásia, respondidas com base nas notícias que já foram divulgas e a ajuda do professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) e comandante aposentado da Varig Claudio Roberto Scherer:
O avião pode ter pousado na água ou em algum lugar remoto?
Sim, hipoteticamente, o avião poderia ter voado abaixo da captação dos radares e pousado. No entanto, o transmissor localizador de emergência (ELT, na sigla em inglês), localizado na cauda, próximo à caixa-preta, é um dos equipamentos que deveria ter emitido sinais. O ELT é acionado automaticamente em caso de impacto. Em um pouso forçado na água ou em uma ilha, o ELT deveria emitir sinais. Fica a dúvida, no entanto, sobre a falta de sinais no radar do Controle de Tráfego Aéreo durante a descida até o pouso.
Se o avião caiu em terra ou no mar, por que é tão difícil achar os destroços?
É a grande dúvida. O ELT deve resistir ao impacto e até a fogo, também deveria emitir sinais mesmo embaixo da água. Ainda mais pelo fato de a profundidade do mar na região inicial das buscas ser de cerca de 80 a 100 metros.
Que equipamentos o avião que sumiu tem para ser rastreado?
Os aviões são rastreados pelos radares de terra. Nesses radares, o avião é detectado pelo sinal primário (apenas um ponto luminoso na tela) ou pelo sistema secundário, através do transponder (equipamento a bordo), que envia dados de identificação sobre o voo aos controladores. Esse equipamento precisa estar ligado mas pode ser desligado por uma pane ou até de propósito. Quando o transponder é desligado, o sinal primário ainda permanece na tela dos controladores, embora sem identificação do voo. Há, ainda, o transmissor localizador de emergência (ELT, na sigla em inglês), que está localizado próximo à caixa-preta, na ponta da cauda e é de difícil destruição. Os aviões também transmitem durante o voo, dados sobre o funcionamento de seus componentes pelo sistema ACARS (Aircraft Communications, Addressing and Reporting System). O ACARS transmite via rádio quando se encontra dentro do raio de alcance das antenas localizadas em terra. Quando sobre o oceano, o sistema transmite via satélite. A utilização via satélite, no entanto, depende do tipo de contrato que cada empresa tem com as prestadoras dos serviços de telecomunicações.
O fato de ter sumido dos radares significa que o avião explodiu?
É possível. Se o avião explode, some completamente do radar. Restaria o localizador de emergência.
O avião pode ter mergulhado no mar sem se destroçar? Nesse caso, boiaria ou afundaria?
No caso de um pouso bem sucedido sobre o mar, com nenhum dano estrutural, o avião até pode permanecer flutuando durante algum tempo, desde que os tanques das asas e no meio da fuselagem contenham pouco combustível (o que não seria o caso deste voo). Por outro lado, um pouso no mar durante a noite teria uma chance mínima de dar certo.
Em caso de pane, é possível perder todo tipo de comunicação?
Embora seja possível, no caso de uma pane elétrica total, é pouco provável. São três rádios de alta frequência e dois rádios de ondas curtas, além do sistema ACARS e do Transponder. Cada um destes equipamentos é ligado em uma fonte elétrica diferente.
É possível o piloto voar durante quatro horas sem perceber que está indo para a direção errada?
Antes da decolagem, a rota completa até o destino deve ser inserida no Sistema de Gerenciamento de Voo. Após a decolagem, o piloto automático normalmente é ligado nos modos de Navegação Lateral e Vertical para que o avião siga fielmente as trajetórias e altitudes previstas até o destino. Os pilotos fazem o acompanhamento pelo mapa e pelo plano de voo em papel (que é uma cópia do que foi inserido no sistema de gerenciamento de voo) e devem fazer as anotações das horas de sobrevoo e consumo de combustível em cada uma das posições da rota. Para ir numa direção errada, seriam necessários, no mínimo, dois eventos: que o piloto automático fosse tirado do modo Navegação Lateral e que os dois pilotos se tornassem incapacitados ao mesmo tempo.
O avião pode ter sido sequestrado ou ter sido alvo de terrorismo?
Todas as hipóteses estão sobre a mesa. O fato de o transponder — equipamento na cabine de controle que emite sinais para os controladores em terra — ter sido desligado pode indicar que isso tenha sido proposital. Corrobora também o fato de o avião ter dado meia-volta — o que também é uma manobra provável em caso de pane. A tripulação, no entanto, teoricamente teria tempo de enviar um sinal de sequestro. Desde o 11 de Setembro de 2001, as regras de aviação restringiram muito a entrada de pessoas na cabine, o que reforça a possibilidade de os pilotos terem tempo de enviar um alerta de socorro. Há investigações, no entanto, que apuram a conduta do copiloto, que no passado teria deixado turistas visitar a cabine.
Falhas mecânicas podem impedir os pilotos de enviar mensagem de socorro?
Existem códigos específicos para serem acionados no Transponder em casos de emergência, sequestro ou falha de comunicações. No caso de alguma falha considerada catastrófica, na qual não há tempo para acionar um código no transponder, seria possível Sim, é possível que os pilotos não tenham tempo de enviar o alerta. Seria o caso de uma explosão ou uma falha estrutural que desestabilize totalmente a aeronave. Ainda assim , há mecanismos que poderiam emitir sinais automaticamente.
Pode haver um buraco não coberto por radares onde o avião estava?
A cobertura radar normal é de 200 milhas (360 km) ao redor da antena. Se a queda ocorresse na região da rota original, é improvável porque teoricamente toda a área é coberta por radares de diversos países. Se o avião seguiu para o meio do oceano, pode haver buracos. Isso ocorreu com a queda do avião da Air France no Oceano Atlântico em 2009.
O avião já teve uma das asas danificadas. Pode ter sido a causa do problema?
Segundo a empresa, o avião estava em plenas condições de voo e passou por revisão no final de fevereiro.
É possível que algum satélite tenha captado imagens de uma explosão?
Sim, mas é difícil. Teria de haver a coincidência que um satélite fotografasse aquele lugar da terra no exato momento da explosão. Especula-se também que o satélite americano que detecta testes com mísseis balísticos por meio do calor poderia captar, mas não há dados se seria de fato capaz.
É possível que as autoridades que investigam o caso já tenham essas respostas todas?
O governo da Malásia vem sendo fortemente criticado e acusado de falta de transparência. Porém, na noite desta quinta-feira, oficiais americanos afirmaram que as buscas estão se movendo para o Oeste porque é possível que o avião esteja no fundo do Oceano Índico. Manifestações dos EUA começaram a ser feitas após o governo da Malásia ter passado aos americanos a leitura dos dados.
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PISTAS E DESMENTIDOS
Foram encontrados destroços?
Desde o desaparecimento, foram localizados fragmentos no mar que levantaram suspeitas de qe seriam destroços. Nenhuma se confirmou até ontem.
Afinal, até onde se sabe que o avião voou?
Essa informação norteia as equipes de busca, porém, é onde se concentram os maiores desencontros de versões.
Veja algumas:
1 Entre Kuala Lumpur e Pequim
As primeiras informações afirmavam que o avião teria dado meia-volta uma hora depois de decolar de Kuala Lumpur, e desaparecido logo em seguida, à 1h30min no horário local. Neste momento, o transponder — equipamento na cabine que emite sinais sobre o voo para os controladores de voo — foi desligado. Segue sendo a única informação concreta. Pouco antes, "tudo bem, boa noite", foi a última mensagem de rádio transmitida ao controle aéreo por um dos pilotos. A transmissão foi feita quando o avião deixava o espaço aéreo malaio para entrar no do Vietnã.
2 No estreito de Malaca
Na terça-feira, fontes da força aérea da Malásia afirmaram que um radar militar detectou um sinal do Boeing às 2h40min (15h40min de sexta no horário de Brasília) perto de Pulau Perak. No dia seguinte, porém, as autoridades desmentiram a informação.
Nesta quinta-feira, porém, um dos navios da Marinha americana que participam da busca ao avião da Malaysia Airlines desaparecido deixou o Golfo da Tailândia para dirigir-se ao Estreito de Malaca. Ou seja, nada está descartado.
3 A noroeste de Kuala Lumpur, próximo à Tailândia
Radares teriam identificado um ponto não identificado de uma aeronave não identificada. Em entrevista, os oficiais da força aérea malaia disseram que não conseguiram descobrir se o sinal é da aeronave perdida.
4 Muito distante de qualquer um desses pontos
O Wall Street Journal informou na manhã de quinta-feira que o Boeing 777 da Malaysia Airlines pode ter voado durante quatro horas após o último contato, segundo investigadores americanos. Os investigadores americanos, que pediram anonimato, baseiam a hipótese nos dados transmitidos automaticamente pelos motores Rolls Royce — os chamados ACARS (Aircraft Communications Addressing and Reporting System) —, que equipavam o Boeing desaparecido. O ministro dos Transportes, Hishamudin Husein, declarou que as informações estão "erradas". Especialistas também afirmam que é quase impossível um avião desse porte voar por tanto tempo sem ser detectado por nenhum radar.
Fonte: ZeroHora

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